do oásis da minha ignorância descobri Ponge. assim, totalmente ao acaso. e fiquei tão emocionada com o que li que, na época, fotografei as páginas em questão para enviar a mim mesma o regitro do que poderia-se dizer epifania… e de, claro, uma certa mágoa: “poxa, como ninguém me mostrou isso antes se ‘todo mundo’ já conhecia?”
merci Merleau! achei esse livro numa compra aleatória e despretensiosa na Prefácio, no começo do ano. Conversas – 1948 [sete conferências de Maurice Merleau-Ponty encomendadas pela Rádio Nacional Francesa e transmitidas pela rede Programa Nacional de Radiodifusão francesa (RDF) no final de 48 e conservadas no Institut National de l’Audiovisuel para uso de pesquisadores].
Nessa parte do livro ele fala de como a nossa relação com as coisas não é distante, cada coisa nos fala ao corpo e à vida revestida de características humanas; que em nós essas coisas vivem como emblemas do que gostamos ou detestamos, investidos que estamos nelas, investidas de nós. Assim ele o explica citando essa passagem sobre a água, de Francis Ponge, no livro O partido das coisas [Le Parti pris des choses], que fui correndo pegar emprestado com o Ismar pra derreter mais um pouco.
água me lembra chuva, chuva me lembra A Watery Day, do adorável violinista canadense Owen Pallett:
enfim, o resumo da ópera: nesse dia eu entendi minha paixão pela estética. nesse dia eu entendi meu apreço pelas coisas sensíveis. nesse dia eu entendi que a percepção de Ponge esbarra onde a minha apreende o cris das coisas. nesse dia eu entendi que precisava ler A fenomenologia da percepção, do MP, e, “qual não foi nossa surpresa quando”, semana passada, encontrei um exemplar no Beta de Aquarius [obrigada, Carlito, por comprar meus botões e inteirar o que faltava. tá muito priceless ler isso <3].