“não serei nem terás sido”

no corpo de todas as coisas que nos cercam o tempo parece ser uma espessura modulada de acordo com as densidades das matérias de cada uma delas. é dos homens o tempo dos ponteiros, com números criados para controlar tudo aquilo que nos rege a vida sob a constelação calcária e que não temos controle. assim como é do corpo [que corpo?] o tempo do fuso {voar contra o tempo e contra as horas e contra as águas e repetir o mesmo dia por dias para se chegar no lugar onde a inscrição da temporalidade implica em uma perda da própria noção de tempo. desenganar um doente é dar-lhe o tempo de vida que os vivos não têm. dizer o tempo como condição para que algo engrene ou se rarefaça é humilhar-se diante da impossibilidade de fazê-lo à revelia do tempo, porque a ideia da inexatidão do tempo é o sedimento que nos move à próxima paisagem.

lembro de pensar o tempo, a coisa do fuso, o corpo no tempo e o corpo do tempo no dia de pegar um avião para sobrevoar o atlântico contra o tempo e “qual não foi minha surpresa quando”, no exato dia de voar, li este post no No Limiar, que se comunicava delicadamente com cada sensação daquele dia. achei místico 😉

e a fotografia, que sempre me pareceu uma resposta violenta ao tempo?

céu sobre céu kinda mer {foto clichê tirada [por mim] da janela de um avião sobre o Atlântico, em 2009 _tmax 400/ mirage k2mil

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3 respostas para “não serei nem terás sido”

  1. Ah, Rita curtiu. Muito.

  2. camillo disse:

    Não consigo ver a imagem…

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