quando nos tornamos árvore
no jardim de hilda
entendi o amor dos bonobos
meu útero awareté
e tudo aquilo que deixamos de tocar
quando colonizamos as estrelas:
o corpo de criança
o canto fluido do rio
os dedos áridos nos últimos galhos da figueira
a região mineral nua
aquilo que tem olhos
e está vivo
sob os nossos pés
_algo sem nome que não perdemos
porque sequer fomos capazes de ganhar
depois de tornar-me árvore
entendi que toda árvore é ninho
e que quando inventamos o tempo
para controlar aquilo que nos rege a vida
esquecemos de escutar o tempo
de respiração da pedra
esquecemos de cuidar da escrita dos gravetos sobre a pele
esquecemos que tem mais céu no chão
do que no próprio céu
e então que o mundo da árvore desconhece a pornografia
mas conhece que toda encosta precisa de raiz penetrar tudo
de água por tudo
de tudo espalhar sobre tudo
de tudo comungar com tudo
só pra não deixar de existir
coisa linda isso !!!